A psicanálise é um campo de investigação que lida com a dimensão inconsciente. O olhar nesta clínica se dá de forma individual ao escutar aquilo que atravessa e contorna cada um.
Através da fala durante o processo analítico, é possível acessar a dimensão do sofrimento psíquico e tudo aquilo que permeia o sujeito, aparecendo em seu relato de diversas formas, como depressão, melancolia, ansiedade, dores corporais, toc, compulção, fobias, TDAH, luto, disfunções sexuais, insegurança, entre outros. Essas e outras formas de nomear o sofrimento podem aparecer em um primeiro momento e até auxiliar a pessoa a perceber que não está bem e precisa de ajuda, mas ao longo do processo de uma análise elas serão escutadas levando em consideração o que é único de cada sujeito com sua bagagem própria.
Durante os momentos de troca entre analista e analisando, é possibilitado aprofundar essas questões trazidas e vislumbrar alternativas possíveis para seus conflitos através da abertura que a fala inaugura, construindo-se vias singulares pelas quais cada um pode melhor navegar.
A psicanálise surge ao final do século XIX denunciando o mal-estar na cultura ao investigar os sintomas de pacientes histéricas incompreensíveis ao conhecimento médico. Freud, durante sua pesquisa, buscou dar voz àquilo que fugia à compreensão médica e fornecer uma escuta ao sofrimento e conteúdos reprimidos que guiava a fala e os comportamentos de seus pacientes, levantando a hipótese de que algo ali escapava à consciência, vinha de outro lugar. Nesse contexto, Freud vem trazer ao debate o descentramento do sujeito, com o conceito de inconsciente, afirmando que o eu não é mais senhor em sua própria morada.
Ao longo do tempo, Freud notou que os sintomas reagiam ao que era falado e elaborou a hipótese de que o inverso também era verdadeiro, constatando que a formação destes poderia ter se dado a partir de palavras, de ditos, criando sua teoria do inconsciente e a cura pela fala. Além disso, questionou também se as manifestações sintomáticas e fantasias que observava na clínica não poderiam ser fruto de uma severa repressão sexual advinda da civilização da época e seu entendimento acerca da sexualidade e moralidade, atingindo e restringindo, sobretudo, as mulheres.